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Publicada em: 03/11/2015 às 11hM - Modificado em: 03/11/2015 às 11h16

A tirania do pessimismo

A tirania do pessimismo

Por Carlos Moreira*

Os gregos clássicos entendiam crise como um estado de interrupção da inércia. Para eles, uma crise representava um período de mudanças e só as atitudes empreendidas, a partir de então, é que definiriam o que se sucederia ao depois. Na prática, crise, para os pais da civilização ocidental, não era algo nem bom, nem ruim, mas uma oportunidade de alteração do estado das coisas.

Nenhum de nós era vivo quando houve a maior crise econômica do século XX. No dia 24 de outubro de 1929, a bolsa de valores americana teve uma queda drástica, fruto de um conjunto de problemas enfrentados pela economia mundial. Os desdobramentos daquela “quinta-feira negra” foram, não só inevitáveis, como dramáticos, com perdas imensuráveis para os acionistas, a classe trabalhadora e os investidores.

Na verdade, a década de 1930 foi duramente marcada pela “Grande Depressão”, como a crise ficou conhecida. De uma forma muito rápida, houve uma contaminação da sociedade com um pessimismo desenfreado, provocado, entre outros fatores, pela queda dos valores dos produtos e pelo endividamento da indústria. O desemprego tomou proporções alarmantes. Cerca de 25% de toda a mão de obra produtiva dos EUA estava desempregada. O desespero foi tal, que houve uma onda de suicídios sem precedentes, desencadeada pelo clima de terror que se estabeleceu no mercado.

Hoje, no Brasil, estamos enfrentando uma crise econômica agravada por uma crise política concomitante. Para muitos dos que estão no mercado de trabalho, esta é a primeira crise a ser enfrentada. Após cerca de 20 anos de estabilidade e crescimento, voltamos a ser assombrados por antigos fantasmas, como a inflação, as altas taxas de juros e o desemprego. Mas esses não são inimigos desconhecidos, nós já lutamos contra eles antes e os vencemos! Por que, então, seria diferente agora?

De fato, todos os segmentos da economia já sentem os impactos destes dias difíceis. As empresas estão reduzindo a produção e, em casos mais extremos, fazendo cortes e ajustes necessários para suportar a turbulência. Nestas circunstâncias, torna-se quase impossível não ser contaminado pelo que eu chamo de “tirania do pessimismo”. Sim, ouso lhe afirmar que a negatividade produzida por este momento que enfrentamos tem um poder, muito maior, de nos desestabilizar, do que a própria crise.

Nós somos o que nós pensamos! Quando nos deixamos invadir por uma onda de pessimismo, tudo ao nosso redor parece ficar muito pior do que, de fato, está. Este tipo de fenômeno tem, inclusive, o poder de contaminar outras áreas de nossas vidas. Não raro, vejo pessoas enfrentando um problema localizado na vida profissional que acabou se tornando metastático, ou seja, se deslocou para a vida afetiva ou acadêmica.

John Kenedy, presidente dos EUA, disse certa vez que a palavra crise, escrita em chinês, era formada por dois caracteres: um representava perigo, o outro, oportunidades. Nós podemos, neste momento difícil, nos lamentar, por exemplo, pela promoção que não veio, ou podemos nos levantar para fazer, ainda melhor, o que já temos feito. Tenha certeza, seu novo cargo pode até demorar mais um pouco, mas você certamente não será esquecido, pois enfrentou a crise com uma boa consciência, e essa atitude superior contaminou, não só você mesmo, mas todos ao seu redor.

Nós estamos em crise, é fato, mas as lojas Renner, segundo publicação da Infomoney, aumentou seu lucro em cerca de 30% neste 1º. semestre. A Toyota está abrindo vaga para os portos de Porto Feliz e Sorocaba e a GM anunciou, esta semana, que vai investir R$ 13,0 bilhões no Brasil até 2019. Crise? Para os lojistas de São Luiz, não! Segundo informação do portal G1, eles esperam aumento de 7,6% nas vendas este ano. Em meio a um mar de notícias fatídicas e horizontes nublados, tem gente indo na direção contrária!

San Walton, fundador do Wal-Mart, indagado certa vez sobre as dificuldades presentes no mercado, afirmou: “Convoquei uma reunião hoje com meus diretores sobre a crise e decidimos não participar dela”. Sim, você pode decidir, hoje, não participar da crise, apesar de reconhecer que ela existe. De minha parte, como sócio desta companhia, o que posso lhe dizer é que nosso time de executivos está comprometido com a vitória, e não com a crise. Mais dias, menos dias, os problemas serão superados e, ao final, o que ficará será a forma como você lutou essa guerra. Portanto, quero lhe convidar a se juntar a todos nós, pois será assim que viraremos este jogo!

* Executivo do segmento de Tecnologia da Informação & Negócios, tem formação em Análise de Sistemas pela Universidade Católica de Pernambuco e pós-graduação em marketing de serviços. Bacharel em Filosofia pela Universidade do Sul de Santa Catarina, é também conferencista, escritor e Sócio – Diretor da Level Group.